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FAPESP - Mogi

1.3 Matemática

Quantificar e operar com quantidades é uma necessidade básica de sobrevivência. O animal que souber onde existe mais comida e menos inimigos tem mais chances de sobreviver do que aquele que for incapaz de realizar tais quantificações (Rocha, Massad e Pereira Jr., 2004). As neurociências têm mostrado que tanto animais, quanto o bebê humano possuem a capacidade de quantificar e realizar operações de adição e subtração com pequenas quantidades (p.e., Brannon, 20003; Brannon and Terrace, 1998; Butterworth, 1999; Dehaene, 1997; Rocha e Massad, 2003; Rocha, Massad e Pereira Jr., 2004, Winn, 1996,1998, 2000). Em nossa equipe, Rocha e colaboradores (Rocha e Rocha, 2002; Rocha e Massad, 2002; Rocha e Massad, 2003; Rocha, Rocha e Massad, 2003; Rocha, Rocha, Massad e Menezes, 2003; Rocha, Rocha, Massad e Leite, 2003) desenvolveram uma série de pesquisas tanto com adultos e crianças normais, quanto com crianças portadoras de distúrbios de aprendizagem e deficiência mental, para estudar a correlação da atividade e da estrutura cerebral com a cognição aritmética. Os resultados dessas pesquisas deram origem a um livro sobre a fisiologia cerebral e aritmética (Rocha, Massad e Pereira Jr., 2004) e a proposta de um modelo de representação neural do número (Rocha e Massad, 2003). Nessa proposta, o aprendizado do processo de contar é antes de mais nada um aprendizado do controle (lobo frontal) dos olhos e mãos para focar a atenção sobre os elementos a serem contados e da ação de circuitos parietais para acumular e classificar o resultado dessa contagem. Além disso, o cálculo aritmético é dependente dos mesmos circuitos e não mais encarado como um processo dependente da linguagem, onde as tabuadas são decoradas como um conjunto de frases. São propostas, pelo menos, quatro etapas de aprendizagem do cálculo aritmético: manipulação total; manipulação simplificada; manipulação otimizada e finalmente manipulação mental. Esses distintos procedimentos de cálculo permanecem ativos durante toda a vida do indivíduo, embora a manipulação mental passe a predominar ao final do Ensino Fundamental (primeiros anos). Lesões frontais e/ou parietais são causas de discalculia, ou seja, dificuldade para contar e calcular.

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