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"Um Estudo Eletroencefalografico de uma Língua de Sinais."

Rocha FT, Rocha AF, Luchini FLP, Fuini MG, Rodella EC, Ribeiro, GD.

Resumo

Para ensinar uma criança surda deve-se lembrar que a linguagem oral será um caminho muito complicado e pouco satisfatório, justamente por causa da maneira como seu cérebro pode processar as informações auditivas. As comunidades de surdos têm desenvolvido processos de comunicação muito eficientes baseados em linguagem sinalizada. Inicialmente consideradas meras pantomimas, hoje se sabe que as línguas de sinais são tão sofisticadas quantos as línguas faladas. As neurociências têm mostrado que muitos dos circuitos neurais usados na produção e compreensão das línguas orais, também então envolvidos no processamento das línguas sinalizadas. O presente trabalho envolveu o mapeamento eletroencefalográfico de 10 crianças surdas sinalizadoras da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e cinco adulto ouvintes estudantes da Libras, durante tarefas de compreensão de histórias e charadas sinalizadas. Essa atividade foi analisada utilizando-se uma análise de entropia da correlação da atividade elétrica, promediada para os eventos significativos das tarefas. Os valores de entropia calculados para cada uma das derivações do sistema 10/20 foram utilizados para criar os Mapas Cognitivos Cerebrais, que mostraram as derivações mais envolvidas com a solução das tarefas em cada uma das suas etapas. Os voluntários efetuaram atividades relacionadas ao processamento e codificação da língua de sinais em um computador, enquanto seus eletroencefalogramas eram registrados em outro computador ligado em rede com o primeiro. Com isso pôde-se associar cada evento das tarefas lingüísticas com a atividade cerebral dos voluntários. Os resultados mostram que o processamento da LIBRAS envolve uma participação importante das áreas cerebrais clássicas (Broca e Wernicke) relacionadas ao processamento lingüístico e das áreas cerebrais relacionadas ao controle e à interpretação das formas, dos movimentos e das posições das mãos. Esses resultados pioneiros no estudo da organização neural da LIBRAS mostram que o processamento de uma linguagem de sinais envolve componentes específicos de análise visual diferentes daqueles usados durante a análise auditiva, além de circuitos comuns de processamento lingüístico.

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