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Mogi das Cruzes

Contrato de Conduta Social

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1. Introdução

A escola moderna enfrenta, hoje, dois grandes desafios. Deve, por um lado, ser capaz de reconhecer a grande diversidade existente no desenvolvimento cognitivo, comportamental e físico das crianças que deve educar. Uma vez identificada essa diversidade, deve, por outro lado, ser capaz de promover um ensino eficaz dessas crianças, provendo os recursos que cada uma delas, independente do grau de seu desenvolvimento cognitivo, comportamental ou físico, requer para atingir a competência necessária para uma perfeita inclusão na sociedade que integra.

Além de se preparar para enfrentar o desafio das deficiências de aprendizagem causadas por um comprometimento maior da funcionalidade cerebral, como nos casos das síndromes genéticas e outros distúrbios do desenvolvimento embriológico, a escola moderna tem que se preparar para bem educar aquelas crianças portadoras de distúrbios da aprendizagem e/ou comportamento, que dificultam sua alfabetização como no caso da dislexia e discalculia ou que requerem abordagens especiais como no caso da criança hiperativa, impulsiva e/ou desatenta.

Essa população de crianças com dificuldades de aprendizagem e/ou comportamento constituem uma parcela importante das crianças em idade escolar, estimando-se que possam constituir entre 10 a 15% da população escolar.

Por tradição, a escola se apóia na leitura e escrita como o principal meio para transmissão e aquisição do conhecimento. Tudo o que a criança deve aprender está descrito nos seus livros de textos ou é apresentado através da lousa. Por isso, a ênfase nas primeiras etapas da vida escolar é a alfabetização. A criança tem que aprender a ler e escrever para poder adquirir qualquer outro conhecimento importante para sua vida escolar. Mesmo a aritmética não escapa dessa tradição. Pouca ênfase é dada ao seu estudo nos dois primeiros anos do ensino fundamental, quando comparada com o esforço da professora (chamada inclusive de alfabetizadora) na promoção do aprendizado das letras. Muitas das dificuldades da criança no seu aprendizado da aritmética decorrem de suas dificuldades de compreensão verbal e não aritmética, dos problemas que lhe são apresentados em forma escrita e não oral. Por isso, a vida da criança disléxica se complica muito na escola, antes e mesmo depois da identificação de sua dificuldade.

Por tradição, a escola também define regras de bom comportamento que dificulta e muitas vezes torna impossível a vida escolar da criança hiperativa, impulsiva e/ou desatenta. As neurociências demonstram claramente que o comportamento dessa criança é conseqüência de uma redução da atividade de circuitos dopaminérgicos. Entretanto, a tradição insiste em considerá-las crianças sem limite, devido a uma negligência dos pais e/ou mães na sua educação. A disfunção dopaminérgica tem uma origem genética na maioria dos casos. Isso implica que muitos dos pais e/ou mães dessas crianças também são hiperativos, impulsivos e/ou desatentos. Para esses pais, o comportamento de seus filhos não é um comportamento desajustado. Essas crianças herdam uma fisiologia cerebral diferente e não uma educação deficiente.

A escola moderna tem que aceitar os desafios e organizar um ambiente e um programa escolar que inclua as crianças com distúrbios de aprendizagem e participe ativamente de sua formação como cidadão integrado à sua sociedade.

 

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