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3. A Dislexia e os Distúrbios do Desenvolvimento da Linguagem

Uma porcentagem expressiva das crianças em idade escolar apresenta uma dificuldade com o processo de alfabetização, decorrentes de uma disfunção cerebral de origem genética (no caso da dislexia pura) ou por distúrbios durante o período embrionário e/ou eventos perinatais que acarretam lesões focais e/ou difusas do córtex e retardam (no caso dos distúrbios do desenvolvimento da linguagem – DDL) o processo de aquisição da linguagem oral e escrita.

Fig. 3 – Os circuitos neurais para leitura

A leitura pode se realizar através de dois circuitos neurais distintos. Na leitura semântica a palavra como um todo é identificada na área de reconhecimento de palavras e a partir daí associada ao seu significado. Por exemplo, no caso de nomes, com a associação da palavra ao rosto, voz, etc. da pessoa correspondente. No caso da leitura fonológica, as sílabas que compõem a palavras são identificadas individualmente na área de reconhecimento de sílabas que deve ativar a área de Broca para produzir a fonação da palavra. Só depois do reconhecimento da palavra fonada que o seu significado é estabelecido. A disfunção da via fonológica é um fato muito freqüente nas crianças disléxicas ou com DDL.

O comprometimento do sistema de leitura fonológica (Fig. 3) é a causa mais comum dos distúrbios de aprendizagem da leitura e escrita. Por serem incapazes de reconhecer e/ou produzir, adequadamente, os fonemas da sua língua materna, essas crianças encontram grandes dificuldades na associação dos grafemas (sílabas) aos fonemas (sons) que constituem uma palavra. Por esse motivo, os processos de alfabetização silábica impõem a essas crianças uma dificuldade adicional ao aprendizado de leitura e escrita. As neurociências têm mostrado que os processos de leitura e escrita semântica têm mais sucesso na alfabetização da criança disléxica ou com distúrbios do desenvolvimento da linguagem.

A dificuldade no aprendizado da leitura e escrita pode ter origem, também, em distúrbios do sistema visual ou da espacialidade que dificultam a identificação das letras e palavras; ou em distúrbios da motricidade e espacialidade que comprometem a escrita.

A alfabetização da criança disléxica ou com DDL deve levar em consideração que o progresso dessa criança poderá ser lento, de modo que uma mínima competência na leitura e escrita pode se estabelecer em tempos muito diferentes daqueles necessários para o domínio do conhecimento em outras áreas, como por exemplo, a aritmética e ciências. Por isso, a escola moderna tem que desenvolver programas de trabalho que não privilegiem a leitura e escrita como meio de transmissão e aquisição de conhecimento. A criança disléxica ou com DDL deve poder adquirir esse conhecimento com o emprego da linguagem oral, que eventualmente domine, e com o auxílio de recursos visuais que aumentem seu sucesso no aprendizado.

A escola moderna deve também adequar o seu programa de avaliação do desenvolvimento da criança disléxica ou com DDL à sua dificuldade na leitura e escrita. A avaliação do progresso cognitivo dessas crianças deve ser predominantemente oral e utilizar-se de outros meios que permitam a criança expressar adequadamente seu conhecimento.

Como a criança hiperativa, impulsiva e/ou desatenta também pode experimentar dificuldades na utilização da linguagem escrita como ferramenta de aquisição e expressão de conhecimento, a escola moderna deve generalizar o processo de transmissão e avaliação de conhecimento acima discutido, para toda e qualquer criança que por motivos de controle de atenção não consigam utilizar a leitura e a escrita como meios de aquisição ou expressão de conhecimento.

 

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