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ENSCER - Inovação tecnológica em pequenas empresas (FAPESP)

A proposta inicial do projeto foi desenvolver um sistema informatizado:

· composto de módulos que permitissem a implementação de várias atividades educacionais informatizadas utilizando os recursos de multimídia, para auxiliar o desenvolvimento de um programa curricular; e que
· pudesse ser também utilizado em associação com um sistema informatizado de aquisição do eletroencefalograma (EEG), de modo a permitir uma avaliação do progresso pedagógico e cerebral de crianças portadoras de uma deficiência cerebral qualquer.

Com esse propósito, a EINA associou-se à APAE de Jundiaí, para desenvolver e testar um conjunto de atividades educacionais informatizadas complementares àquelas definidas no Prodeme – Programa Curricular para Deficiência Mental, daquela entidade.

A proposta inicial implementada foi a de que crianças do programa de Educação Infantil (Pré-escola) daquela entidade, fossem atendidas individualmente, em duas sessões semanais de uma hora de duração, por uma professora ou pedagoga, que utilizaria as atividades informatizadas para complementar as atividades desenvolvidas em sala de aula (Fig. 1). Propôs-se, também, que ao final do semestre, fosse realizado o estudo eletroencefaloráfico das mesmas crianças, enquanto elas utilizassem o mesmo tipo de atividade informatizada.

Crianças no laboratório de Informática

O estudo eletroencefalográfico

Fig. 1 – O uso na proposta inicial

Essa foi a linha de trabalho durante os primeiros seis meses de atividades na APAE Jundiaí, quando decidiu-se, em função dos bons resultados obtidos, expandir a utilização do ENSCER com a inclusão de alunos do primeiro ano do Ensino Fundamental (Alfabetização).

Os resultados obtidos ao final do ano de 1998, provocou a discussão sobre a adequação do Prodeme, como um programa curricular adequado à funcionalidade cerebral dos alunos da APAE Jundiaí, como avaliada através do estudo eletroencefalográfico realizado e da análise de seu desenvolvimento cognitivo em sala de aula.

Decidiu-se, então, a reformular o programa curricular da APAE de Jundiaí, tomando-se como premissa básica que o conhecimento fornecido pelas neurosciências sobre o funcionamento cerebral para linguagem, memória, matemática, etc., deveria orientar tanto o conteúdo das atividades a serem trabalhadas em classe e no computador, como também o procedimento das professoras em sala de aula.

Iniciou-se, então, um programa de discussão para redefinir o Prodeme e de capacitação das professoras e técnicas da APAE Jundiaí, com um curso sobre Fisiologia Cerebral, que se realizou durante o ano de 1999.

Fig. 2– O sistema atual na APAE

No ano de 1999, o ENSCER foi selecionado pelo CNPq para receber auxílio dentro da sua linha de projetos temáticos, com o intuito de prepará-lo para utilização em Intranets e Internet. Com esses recursos, o laboratório de Informática foi expandido, e cada sala do Ensino Fundamental recebeu um microcomputador. Dessa maneira, modificou-se a proposta de uso do sistema (Fig. 2), de modo que:

· Laboratório de Informática: as crianças de todos os níveis do Educação Infantil seriam atendidas em grupos (Nível Inicial) ou individualmente (Níveis Intermediários e Final), em duas sessões semanais de uma hora de duração.

· Sala de Aula: o computador estaria disponível para que a professora o utilizasse para apresentar nossos temas de trabalho; instruir uma criança individualmente ou pequenos grupos a trabalhar atividades específicas; ser utilizado livremente pelo aluno para realizar tarefas complementares, e como recurso de pesquisa para obter informações sobre atividades a serem desenvolvidas em sala de aula.

Essa é a estratégia que vem sendo utilizada durante o ano de 2000, aliada ao novo programa curricular desenvolvido e às linhas de atuação definidas durante o ano de 1999.

Hoje, o ENSCER é mais do que um simples sistema informatizado de atividades educacionais, mas tem uma linha de trabalho definida, que o distingue de outras iniciativas na área de educação, por ser uma proposta em que o aprender é uma atividade do cérebro, e portanto o ensino deve levar em conta sua funcionalidade ao definir suas propostas de trabalhos e suas linhas de ação. Essas idéias já foram apresentadas à Secretaria da Educação Especial do MEC e mais recentemente, em mesa especial, no congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Pedagogia, tendo bem sido acolhidas.

Hoje, o ENSCER é mais do que um sistema específico para ensino de portadores de deficiências cerebrais, é uma proposta abrangente para o trabalho no Educação Infantil e Ensino Fundamental, dentro das diretrizes dos Parâmetro Curriculares Nacionais (PCN), do Ministério da Educação, podendo ser utilizado em qualquer escola do país, dentro desses programas, para trabalho com criança normal ou deficiente.

Hoje, o ENSCER é um sistema para ensino, que utiliza o computador como uma ferramenta auxiliar importante , mas também define conteúdos e estratégias de desenvolvimento.

Para divulgar essas idéias, escrevemos e publicamos o livro “O Cérebro: Um breve relato de sua função”, e estamos terminando de escrever o livro “O cérebro na escola”.

Para desenvolvimento do ENSCER criou-se um conjuntos de personagens, entre os quais se destacam Juca e Laura, dois irmãos que vão à escola, questionam e aprendem. Para complementar as atividades em computador, criou-se, também, uma série revistas infantis, cujos temas estão ligados aos programas curriculares a serem desenvolvidos.
O sistema ENSCER conta com 50 Projetos de Atividades Educacionais ( PAE ) definidos, dos quais 25 correspondem ao programa de Ensino Infantil e 25 estão associados ao programa de Educação Fundamental. Esses PAEs seguem as diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Definiu-se, também, 170 tópicos dos quais 75 são para o Ensino Infantil e 95 para a Educação Fundamental .

Na lista dos PAEs anexa, sugere-se alguns conteúdos para cada tópico definido. Deve-se, entretanto, atentar para o fato que a sugestão de conteúdo deve sempre ser ajustada ao desenvolvimento neural do grupo de criança que fará uso dos PAEs. O conteúdo sugerido refere-se àquelas crianças que apresentam um desenvolvimento cognitivo dentro da média para sua idade cronológica.

Não foram implementadas atividades eletrônicas para todos os PAEs listados nesses capítulos, pois algumas dos temas que podem ser desenvolvimentos não se prestam a atividades interessantes no computador.

Além disso, deve ter-se em mente que o sistema ENSCER está pensado para ser dinâmico e ter seu conteúdo continuamente acrescido de novas atividades, sempre que seu uso indicar tal necessidade. Além disso, alguns tópicos comportam um crescimento contínuo. Entre eles, pode-se citar tópicos de história, atividade artística, etc.

O sistema ENSCER conta hoje com 1195 roteiros de atividades implementados, relacionados a 224 temas, 170 tópicos e 50 PAEs. Esses roteiros utilizam 3470 atividades educacionais informatizadas.

Implementou-se, também, um conjunto de atividades para Avaliação da Função Cognitiva da criança, que envolve fundamentalmente as áreas de Linguagem e Matemática. Esses roteiros estão pensados para que profissionais - como fonoaudiólogos, psicopedadogos, pedagogos, etc. – possam avaliar o desenvolvimento funcional da criança, e com isso orientar o trabalho a ser realizado com essa criança, para que ela possa adquirir a competência desejada nessas áreas. Essas atividades foram pensadas, também, para fornecerem subsídios para a definição do programa a ser cumprido pela criança com a utilização das atividades informatizadas criadas para o programa de Ensino Infantil ou Educação Elementar.

Finalmente, definiu-se outro conjunto de atividades que são utilizadas para Avaliação da Função Cerebral que suporta os vários tipos de atividades cognitivas que devem ser desenvolvidas pelas crianças durante seu período escolar. Essas atividades são utilizadas conjuntamente com o registro do eletroencefalograma, com o intuito de obter-se os mapas das áreas cerebrais requisitadas na realização dessas atividades. Dessa maneira, pode-se estudar o desenvolvimento cerebral associado ao desenvolvimento da linguagem, da matemática, etc., bem como avaliar a capacidade de processamento visual e auditivo das crianças que estejam envolvidas em um programa escolar.

O ENSCER, hoje, é um produto em três versões:

· Institucional: para utilização em escolas ou outras instituições educacionais, com o apoio de uma intranet e com recursos para gerenciamento de dados, que incluem o registro dos planos de trabalho desenvolvidos por cada professora para cada classe;
· Individual: para utilização por professores no planejamento de suas atividades em classe e preparação de material pedagógico e por crianças em casa, sob a orientação da sua professora ou escola, e
· Profissional: para utilização por profissionais liberais, tais como fonoaudiólogos, pedagogos, psicopedagogos, etc.s, para avaliação e treinamento cognitivo.

No próximo ano, o ENSCER estará disponível na Internet, para uso através de contas pessoais, que:
· permitirá a criança a utilização de um conjunto de atividades educacionais adequadas ao seu nível de desenvolvimento cognitivo;
· acompanhará o desenvolvimento da criança através da utilização dessas atividades, e
· poderá orientar os pais ou profissionais responsáveis por essa criança sobre seu desenvolvimento.

O desenvolvimento do módulo de avaliação da atividade cerebral através do estudo eletroencefalográfico exigiu o desenvolvimento de uma metodologia própria de mapeamento cerebral (Fig 3), denominado Mapa Cognitivo Cerebral.

Fig. 3 – O Mapeamento Cognitivo Cerebral

O sistema foi utilizado para estudar a atividade cerebral relacionada a várias atividades cognitivas em grupos de adultos e crianças normais, e crianças da APAE de Jundiaí .

Os resultados desses mapeamentos na população dos alunos da APAE podem ser confrontados com os achados de um estudo de Ressonância Magnética Estrutural, desenvolvido com o apoio do Instituto de Radiologia, da Faculdade de Medicina da USP . Alguns desses resultados já foram apresentados em congressos , tendo um dos trabalhos recebido o prêmio de melhor artigo na área de linguagem, do 4º Congresso Internacional Fonoaudiologia e 3º Encontro Iberoamericano de Fonoaudiologia, realizado em São Paulo, em 1999.

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